O que fazer em Gijón

Antes de falar sobre o que fazer em Gijón, explico porque escolhemos essa cidade, pouco conhecida entre os brasileiros. Caso você ainda não tenha ouvido falar nessa cidade espanhola, saiba que Gijón é uma das principais cidades do Principado de Astúrias, que na minha humilde opinião é uma das regiões mais bonitas do país.

O que ver em Gijón – Parque Cerro de Santa Catalina

Em julho de 2020, após meses em quarentena, as viagens foram liberadas aqui na Espanha, mas não queríamos nos arriscar em aeroportos e preferimos uma viagem curta que desse pra fazer de carro mesmo. Realmente o COVID-19 trouxe muitas mudanças. Em relação às viagens, por exemplo, nós ao escolhermos o destino pesquisamos primeiro os lugares que já estavam sem altos índices de contágios e priorizamos hotéis que mencionavam as medidas protetivas.

Enfim, estamos mesmo numa nova realidade, imagino que isso permaneça assim por um longo tempo e, nessa época, a vacina ainda não havia sido aprovada. Era 30 de julho de 2020 e, infelizmente, na maioria dos lugares estava começando uma nova onda de contágios. Com isso, foi difícil encontrar uma praia para aproveitarmos o verão que é tão curto por aqui, mas demos a sorte de encontrarmos esse lugar onde a situação já estava controlada. Por isso escolhemos este destino, passamos 4 dias na cidade e vou te contar um pouco sobre nossa experiência e finalmente falar sobre o que fazer em Gijón.

Como chegar

Gijón fica há 465,4Km da capital Madrid e há 315km de Burgos, cidade onde moramos. Fomos pela A-231(Autovía Camino de Santiago), passamos por um pedágio onde pagamos o valor de 13,90 €, achei caro, mas ao menos a estrada é ótima. Vale dizer que algumas partes da estrada têm vistas realmente lindas, inclusive, paramos algumas vezes para admirar a paisagem. Por exemplo, quando estávamos na Autopista Ruta de la Plata (AP-66) na região de León, nos impressionamos com a beleza do lugar.

Saímos de Burgos em uma quinta-feira por volta de 12h30. Além de pararmos para fotografar durante o trajeto, também aproveitamos para ir à MediaMarket, uma loja enorme que tem quase tudo, próxima à cidade de Oviedo (capital de Astúrias). Por isso, só chegamos em Gijón somente às 17h30, o que a princípio não teria nenhum problema já que no verão o sol se põe após às 22h por aqui. Assim, pensamos que ainda poderíamos aproveitar a praia, mas levamos a chuva conosco. “C’est la vie!”.

Conhecendo Gijón

Assim que chegamos em Gijón, deixamos nossas coisas no hotel, trocamos de roupa e fomos para a praia. Porém, como eu disse, assim que colocamos nossos pés na praia o tempo virou e começou a chover. Poderia ter sido como dizem: “alegria de pobre dura pouco”, mas não desanimamos e mesmo que não tenha sido possível um bom banho de mar, aproveitamos para conhecer os bares da cidade, o que foi ótimo para vermos um pouco os costumes dos asturianos.

Primeiramente fomos ao La Galana, um bar e restaurante tradicional que fica na Plaza Mayor, bem aconchegante. Pedimos uma sidra natural da casa, bebida famosa nessa região, essa foi nossa primeira experiência com o ato de “Escanciar la sidra”

Primeira sidra natal que tomamos em Gijón

O que significa “Escanciar la sidra”

Mas afinal o que significa escanciar la sidra? A saber: A palavra “escanciar” é de origem gótica e significa “servir uma bebida” ou “decantar”. Mais especificamente, ao servirem a sidra natural, eles a derramam do alto em um copo que fica abaixo e tombado. É quase um ritual típico de Astúrias e pelo que nos explicaram o objetivo de servir dessa forma é sacudir a sidra, arejar e “acordar” o dióxido de carbono que está “dormindo” na bebida. 

O garçom escanciando a sidra em um dos bares onde fomos em Gijón

Em um dos bares que estivemos na cidade, o garçom nos explicou da seguinte forma: a sidra natural está “morta” na garrafa e fazendo o escanciado ela “revive”!

Por isso, é importante servir uma pequena quantidade por vez e bebê-la rapidamente, pois em questão de segundos ela se parece com uma bebida gaseificada.

Só sei dizer que esse método de servir a sidra chamou nossa atenção. Quanto à bebida, eu não gostei muito, mas o Rafa amou e se esbaldou com as sidras enquanto estivemos em Gijón. Além de ser uma bebida refrescante, tem um custo baixo. Normalmente quando se pede uma sidra nos bares e restaurantes, não vem uma dose e sim a garrafa inteira. Na época pagamos entre 1,80 € e 2,50€ por cada garrafa de sidra natural. Lembrando que não tem nada a ver com aquelas garrafas de sidra espumante que vemos no Brasil, essa é natural e o sabor é diferente.

O garçom super simpático da Casa Carmen escanciando a sidra para nos servir em Gijón. Ele que nos explicou a importância de “escanciar” esta bebida

Plaza Mayor de Gijón

É nessa praça que se inicia o antigo bairro dos pescadores, atualmente conhecido como Cimadevilla, onde fica a maior parte dos lugares turísticos da cidade, tanto que falei sobre esse bairro no post anterior. 

Nela ficam o prédio da prefeitura de Gijón e vários bares e restaurantes. 

Plaza Mayor de Gijón

Plaza Campo del Valdés

Quase ao lado da Plaza Mayor fica a Plaza Campo del Valdés, com vistas para o mar. Nessa praça estão a Estátua de Otávio Augusto, o Museu Termas Romanas de Campo Valdés e a Iglesia de San Pedro (Paróquia de São Pedro). Contei detalhes desses lugares no post: Cimadevilla, conheça o bairro antigo de Gijón.

Réplica da escultura do imperador Otávio Augusto

Plaza del Marqués

Localizado em frente ao porto de Gijón, no bairro de Cimadevilla, bem na entrada para a Plaza Mayor. Aqui estão o Monumento a Don Pelayo (primeiro rei de Austurias), o Palácio de Revillagigedo e o Pozo de La Barquera. Tudo detalhado no post sobre o bairro Cimadevilla

Plaza del Marqués

Las Letronas

Que viajante não gosta de fotografar num letreiro não é mesmo? O famoso letreiro da cidade é denominado “Las Letronas” e fica localizado nos Jardins da Rainha (Jardines de la Reina), também no bairro Cimadevilla. Um belo cenário para fotos.

Las Letronas de Gijón

Pôr do sol na Marina de Gijón

Após tirarmos fotos no letreiro, seguimos caminhando sem rumo pela marina e vimos um bar que nos chamou a atenção. O Bar e Pub Ócean é puro charme, um terraço grande, com bonita decoração e vistas para o mar, num ambiente super agradável. A noite há shows e DJs que animam ainda mais o lugar. Nós passamos um bom tempo ali, nos deliciamos com os drinks e apreciamos o pôr do sol em grande estilo. Vale a pena conhecer!

Pôr do Sol na Marina de Gijón e no bar Ócean

Árbol de la Sidra

Uma escultura em formato de árvore feita com garrafas de sidra natural, ela tem certa importância para a cidade, da uma olhadinha no post sobre Cimadevilla que contei a história dessa árvore. 

Árbol de la Sidra

Playa de San Lorenzo

Tomamos café numa lanchonete quase em frente a um belo parque e próximo à praia. Como o dia estava frio e nublado, caminhamos pela praia de San Lorenzo, atravessamos uma pequena ponte e vimos um bar bonito de frente para o mar, no qual passamos um bom tempo. Se chama Pura Vida Beach Club, ambiente agradável, bom atendimento, bela decoração e, além disso, tinham um leitor facial na entrada para aferir a temperatura dos clientes, super indico.

Pura Vida Beach Club

Quanto à praia, por certo é uma das mais populares de Astúrias. Tem cerca de 1,5km de extensão, em formato de concha e, além disso ela é toda murada. As escadas que dão acesso à praia são numeradas, iniciando na “Escalera 0” do Muro de San Lorenzo, próximo à Igreja de São Pedro até a “Escalera 15” onde está a ponte sobre o rio Piles.  As escadarias e o muro continuam após a ponte, passando por outras praias e, se não me engano, indo até a escada número 23, onde há uma enseada de pedras.

O que ver em Gijón: Playa de San Lorenzo

Por causa do COVID-19, uma das formas que eles utilizaram para organizar o uso da praia e evitar aglomerações, foi separar áreas na praia usando as escadas como forma de identificação. Selecionaram algumas escadas para entrada e outras para saída, além disso, durante o dia havia um fiscal controlando a quantidade de pessoas por área.

A areia é grossa, a praia é ótima e me chamou atenção o fato de ter autofalantes em vários pontos da orla, onde davam alguns avisos ao longo do dia.

Plaza del Parchís

Caminhamos até a avenida principal (Av. Rufo García Rendueles) na orla, entramos em um ônibus e fomos até a Plaza del Parchís, ou Praça do Instituto. Nessa praça fica o prédio do antigo Instituto, a Igreja do Sagrado Coração e, na época do Natal, é nela que colocam a árvore e demais decorações natalinas.

Plaza del Parchís

Capilla de San Lorenzo

Em seguida, caminhamos até a orla da Praia San Lorenzo novamente e paramos no bar Café San Pedro ao lado da Capilla de San Lorenzo que atualmente funciona como Salão de Exposições e na entrada da Torre de los Jove-Hevia tinha uma loja de roupas e produtos artesanais. Achei a fachada barroca bem bonita e charmosa. 

A capela, construída em 1668 forma, juntamente com a Torre, um belo conjunto arquitetônico em frente ao mar. Mais precisamente em frente à escadaria nº 2 do Muro de San Lorenzo que dá acesso à praia.

Capilla San Lorenzo e bar em frente à praia

Parque Cerro de Santa Catalina

Ficamos pouco mais de 1h no bar apreciando a vista e, logo após, caminhamos em direção ao Parque Cerro de Santa Catalina. Localizado no ponto mais alto da cidade, também no bairro Cimadevilla, é um espaço encantador com vistas maravilhosas do mar cantábrico.

Nesse parque você vai encontrar os restos da muralha romana e de alguns bunkers militares da época da Guerra Civil Espanhola. Há também uma escultura que é símbolo da cidade, chamada Elogio del Horizonte. Novamente, não vou me estender pois já falei sobre ela e sobre esse parque no post anterior.

Parque Cerro de Santa Catalina

La Escalerona

Voltamos caminhando pela orla até a entrada da Escadaria 4, chamada de “La Escalerona” por ser a maior das escadarias. Nela tem um termômetro, um barômetro e um relógio num mastro com uma bandeira indicando o estado do mar. Essa escadaria foi inaugura em 15 de julho de 1933, disseram que ela costuma ser inutilizada durante a maré alta, pois fica totalmente encoberta pelo mar. 

Nesse ponto, finalmente fomos curtir a praia.  Mas, o mar estava bem gelado e ficamos pouco menos de duas horas por ali, depois fomos para o hotel descansar antes de sairmos novamente. 

Escaleras del Muro San Lorenzo

Casa Carmen

Nós queríamos muito provar o tão famoso cachopo asturiano e pesquisamos para saber onde comer um que fosse bem tradicional. Entre as opções, escolhemos o restaurante com mais indicações: Casa Carmen. Fomos de Uber para lá. Detalhe que quando chegamos ao restaurante nos disseram que não havia mais vagas, apesar de ainda estarem abrindo, todas as mesas estavam reservadas. Porém nos encaminharam para outra unidade deles, bem ao lado, que possivelmente ainda teriam disponibilidade para nos atender. O que deu certo, mas o garçom nos disse que somente poderíamos ficar por 1h30 pois também havia reserva para a mesa que nos disponibilizou. Mas, não tivemos problemas, o atendimento foi ótimo e realmente valeu a pena essa saga para experimentarmos o Cachopo, uau! Que delícia! 

Cachopo com batatas fritas

Localização: Calle Dr. Aquilino Hurlé, 30, 33203 Gijón, Asturias

Pôr do Sol na Praia de San Lorenzo

Saíamos do restaurante às 21h45 e fomos em direção à praia de San Lorenzo, tivemos a grata surpresa de encontrarmos um belo cenário com um dos pores do sol mais lindo que já presenciamos.

Mais tarde paramos em um bar em frente à praia, tomamos algo e pedimos um uber para voltarmos ao hotel.

Pôr do sol na Praia San Lorenzo em Gijón

Laboral – Universidade de Gijón

Paramos para tomar café da manhã na padaria Dulce & Pan La Oca, com opções deliciosas. Dali caminhamos um pouco e pegamos um ônibus para a Universidade de Gijón.

Universidade Laboral de Gijón

Por que visitar a Labora de Gijón

Hoje conhecida como Ciudad de la Cultura, é o maior edifício da Espanha, com 270 mil metros quadrados. Construído entre 1946 e 1956 com intuito de ser orfanato para os filhos de pais vítimas de acidentes constantes no trabalho em mineração. Porém, antes mesmo da obra ser concluída, decidiram por transformá-la numa universidade com cursos profissionalizantes.

O que ver em Gijón: Maior edifício da Espanha
O que ver em Gijón: Universidade Laboral

Em 2016 o edifício passou a ser considerado Bem de Interesse Cultural Espanhol.

Fiquei encantada com a estrutura e arquitetura do local. Devido ao Covid-19 somente conseguimos ver a praça, os jardins, a horta e um restaurante na área externa, super fofo. A subida à torre, infelizmente estava fechada. Além disso, lá tem teatro, sala de pintura, antigas cozinhas, o Centro de Arte e Criação Industrial, espaços para shows, cafeteria, campo de futebol, campo de rugby e campo de hockey. 

O que ver em Gijón: Universidade Laboral
Parte interna da Universidade de Gijón

Achei interessante que no pátio da Laboral, ou Cidade da Cultura, há uma horta feita há alguns anos pelos participantes de um workshop de hortas ecológicas e atualmente é mantida pelos restaurantes que funcionam no local. Entre outras coisas tem repolho, tomate, couve, espinafre, alho-poró, cenoura, alho, alface, beterraba, morango, acelga e cebola.

Parte da horta no pátio da Universidade de Gijón

A Universidade fica um pouco afastada, mas vale a pena a visita. Fomos de ônibus e foi bem tranquilo o acesso. Sugiro que tire um bom tempo para conhecer o local, nós passamos quase 2 horas lá, mesmo não tendo o acesso liberado à todas as áreas da instituição. 

O que ver em Gijón: Laboral
Laboral de Gijón

Vale mencionar que ao lado da Universidade fica o Jardim Botânico de Gijón, não chegamos a visitá-lo, mas parece bem interessante, quem sabe na próxima vez que formos à cidade. 

Playa de Poniente

Descemos próximo à praia de Poniente, onde caminhamos um pouco e fomos até o restaurante Parrilla Muñó Poniente, onde experimentei um dos melhores peixes da minha vida.

Restaurante Parrilla Muñó

O Rafa pediu ao garçon que nos sugerisse um prato típico da casa, ele nos indicou o peixe “Chopa Espalda” ao molho de sidra, com batatas e frutos do mar. Para acompanhar um vinho Rioja da Fincas Azabache delicioso.

A Chopa Espalda ao molho de sidra com frutos do mar estava divina

A decoração do restaurante é bonita, me chamou a atenção que nos papéis sobre a mesa havia escritas anedotas e um “dicionário” asturiano, bem divertido.

Localização: Av. de José Manuel Palacio Álvarez, 42, 33212, Gijón, Asturias, Espanha.

Na volta passamos pelo Aquário de Gijón, mas não entramos. Apesar de o dia estar meio nublado, a temperatura estava agradável e aproveitamos para caminhar pela praia até chegarmos ao Porto de Gijón e paramos novamente no Ocean bar para tomarmos uns drinks. 

Em seguida, claro que parei para fotografar outra vez o letreiro da cidade, depois continuamos passeando pelas ruas de Gijón.

Plaza de Jovellanos

Chegamos à pequena praça de Jovellanos, no bairro Cimadevilla, nela fica o Museu Casa Natal de Jovellanos e alguns bares. 

La Cuesta del Cholo

Uma área com bares em frente ao Porto de Gijón no bairro Cimadevilla. Nos deliciamos com as sardinhas fritas do bar Las Balenas.

O que ver em Gijón: La Cuesta del Cholo
La Cuesta del Cholo

No caminho de volta nos deparamos com o Monumento a Claudio Alvargonzález e com a Escadaria do Rock, até que chegamos novamente à praça Espanha. Dali fomos em algumas lojas de produtos artesanais e depois paramos na cervejaria Grimbergen Official House.

Já era noite, fomos caminhando para o hotel e passamos pela Praça Campinos de Begoña, onde há um bonito jardim, soube que nesse espaço ocorrem apresentações musicais. Ali também está a Igreja de San Lorenzo em estilo Neogótico, que começou a ser construída em 1896 e foi inaugurada em 1901. Ao lado fica o Paseo de Begoña, uma grande área ajardinada, onde acontecem as maiores feiras e eventos de Gijón. Uma curiosidade: esse parque foi o primeiro lugar a receber luz elétrica na cidade, em 1886.

O que ver em Gijón: Igreja de San Lorenzo
Igreja de San Lorenzo

No dia seguinte, saímos do hotel pela manhã e voltamos para Burgos. Apesar de não termos conhecido, há dois outros lugares que indico na cidade.  Um deles é o Parque Isabel La Católica (quando estávamos na cidade havia um acampamento de pessoas do movimento contra a vacina e preferimos não ir ao local); o outro é a Plaza de Toros El Bibio, nós somente passamos por ela de ônibus, mas fiquei com vontade de conhecer.

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