Museu Casa de Anne Frank

Finalmente visitei o Museu Casa de Anne Frank, foi a realização de um sonho antigo. Sabe quando você tem muita vontade de conhecer um lugar, se imagina nele quando lê livros ou vê filmes sobre o assunto? Para mim, um desses lugares era esse museu. Desde quando li O Diário de Anne Frank eu imaginava como seria o anexo secreto, ou “a casa de trás” como também é conhecido o local onde Anne se escondeu com sua família e mais 4 pessoas durante longos 2 anos na época da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).

Porta do Museu Casa de Anne Frank em Amsterdam

Antes de mais nada, quando comecei a escrever esse post queria inserir informações sobre a história de Anne Frank. Contudo, o assunto é bem extenso e decidi dividir o texto em dois posts para não ficar muito cansativo. Portanto, em breve postarei mais informações sobre a vida de Anne, sua obra e o contexto histórico.

O que ver no Museu Casa de Anne Frank

O Diário de Anne Frank foi publicado por seu pai pela primeira vez em 1947. Ganhou fama a partir de 1952 quando saiu sua edição em inglês e, ainda mais, com o lançamento do filme homônimo em 1959.

Nesse meio tempo, com o sucesso do diário, várias pessoas se interessaram em conhecer o local onde Anne e outros sete judeus se esconderam. A partir daí Otto Frank, com a ajuda de várias pessoas, fundou o Museu Casa de Anne Frank que foi inaugurado em 1960.

Casa de Anne Frank - Fachada da casa da frente, onde funcionava a antiga empresa de Otto Frank, pai de Anne.
Fachada da Casa de Anne Frank, onde antigamente funcionava a empresa de seu pai, Otto.

Como único sobrevivente entre os 8 clandestinos que se esconderam no Anexo Secreto, ao retornar do campo de concentração de Auschwitz, Otto encontrou o local praticamente vazio e decidiu mantê-lo assim, pois esse vazio simbolizava para ele a perda de sua família e amigos que não sobreviveram aos horrores nazistas. Por isso, não há móveis no museu, como apareceu no filme “A culpa é das estrelas” e em outros filmes e documentários sobre a vida de Anne Frank.

Em síntese, a ideia desse Museu é que o visitante conheça e ouça as histórias e relatos sobre as pessoas que ficaram escondidas ali, sobre as pessoas que os ajudaram durante o período de clandestinidade e também sobre os fatos históricos daquela época.

Foto da ilustração da Casa de Anne Frank vista de forma transversal que consta no livro “Anne Frank no esconderijo – Quem era quem?”

Trajeto dentro do Museu

Ao entrarmos há um guarda-volumes onde deixamos casacos, objetos pessoais e bolsas. Mas, somente é permitida a entrada de bolsas pequenas (tamanho máximo de uma folha A4). Além disso, no guarda-volume não é permitido deixar malas e mochilas grandes.

Logo após passarmos pelo guarda-volumes há uma pequena recepção onde nos entregam um audioguia que nos informará durante todo o trajeto de visitação. Basta aproximá-lo dos aparelhos com os números indicados disponíveis nas paredes que iniciarão as explicações sobre determinado objeto, pessoa ou local.

O audioguia é gratuito e está disponível em 9 idiomas: Alemão, Espanhol, Francês, Hebraico, Holandês, Inglês, Italiano, Japonês e Português (de Portugal).

Salão de entrada para o Museu Casa de Anne Frank

Em seguida há uma catraca para finalmente acessarmos a Casa de Anne Frank. A visita inicia onde antigamente funcionava o armazém da empresa de Otto. A principio há uma escultura de Anne, atrás vemos uma frase de seu diário escrita na parede. Em seguida inicia-se os áudios com uma exposição de fotos de Anne e trechos de seu diário. Subimos um lance de escada e chegamos onde era a cozinha da empresa, atualmente expõem um curta com cenas bem interessantes sobre aquela época, incluindo cenas da Segunda Guerra Mundial e cenas de um filme sobre o Diário de Anne Frank.

Pequena escultura de Anne Frank na entrada do Museu

Posteriormente, seguimos pelos cômodos onde funcionava a empresa. A partir daqui eles pedem para não fotografarmos as casas. Em cada cômodo podemos conhecer através de fotos, áudios e vídeos um pouco sobre a vida de Anne Frank e sua família, sobre as pessoas que fizeram parte da história de Anne e sobre as empresas de seu pai, até chegarmos à entrada do Anexo Secreto.

Acesso ao Anexo Secreto

Primeiramente informo que a estante giratória que ocultava a entrada para o esconderijo permanece intacta e é bem interessante vê-la de perto. Após esse acesso, subimos uma escada estreita e adentramos aos cômodos onde eles se esconderam naqueles anos tão turbulentos.

Apesar de não haver mais os móveis, podemos ver quadros da época, anotações históricas, objetos e fotos ilustrando como eram os cômodos no período de clandestinidade daquelas 8 pessoas.

Há inclusive uma lata com bolinhas de gude que Anne, antes de ir para o esconderijo deixou com sua vizinha, Toosje Kupers, juntamente com outros objetos para que guardasse, pois tinha medo que “caíssem em mãos erradas”. Toosje guardou esses objetos por mais de 70 anos, quando finalmente decidiu doá-los ao Museu em 2014.

No quarto que Anne dividiu com o Sr Fritz ainda estão nas paredes as fotos de estrelas do cinema da época, umas das paixões de Anne.

Foto da contracapa do livro "Anne Frank no esconderijo - Quem era quem?" e de um cartão postal que comprei na loja do Museu Casa de Anne Frank, mostrando a casa de forma transversal.
Foto da contracapa do livro “Anne Frank no esconderijo – Quem era quem?” e de um cartão postal que comprei na loja do Museu

Percorrer os cômodos do Anexo Secreto é bem impactante, principalmente para quem leu O Diário de Anne Frank. Eu caminhava ali e para cada canto que olhava me recordava das palavras de Anne sobre as restrições, medos e regras que precisavam seguir para se manterem vivos e da dificuldade em manterem a esperança de uma nova vida ao final da Guerra.  

A escada de madeira que ficava no quarto de Peter continua lá, porém está interditada. Dessa forma, o acesso ao sótão e ao que chamavam de “água-furtada” está fechado por segurança. Mas, colocaram um vidro ao final da escada, de forma que podemos ver uma parte desses locais.

Após percorrermos todos os ambientes do Anexo Secreto, há uma sala onde estão expostos os diários e páginas escritas por Anne. Segundo a informação no audioguia, do diário original faltam páginas do ano 1943 e, além do diário, foram encontradas 215 folhas soltas.

Exposição e livraria

Em seguida, descemos e há ainda uma exposição contemporânea com pinturas, escultura, maquetes e até mesmo a estatueta do Óscar de melhor atriz coadjuvante que Shelly Winters recebeu por sua interpretação de Petronella Van Daan (pseudônimo de Auguste Van Pels) no filme O Diário de Anne Frank de 1959. A atriz doou sua estatueta ao museu em 1975.

Em primeiro plano na foto está uma escultura da metade do corpo para cima de Anne escrevendo seu diário. Ao fundo aparecem vários quadros com pinturas coloridas da imagem de Anne Frank.
Parte da Exposição contemporânea sobre Anne Frank

É possível também assistir à Exposição Reflections on Anne Frank, são vídeos curtos com duração total de 9 minutos em que personalidades públicas, conhecidos de Anne e visitantes do museu contam sua forma de ver essa história e a importância do Diário de Anne Frank em suas vidas.  

Ao final da visita ao museu há uma livraria, banheiros e uma cafeteria com belas vistas, a única forma de pagamento é com cartão de crédito ou débito. Não resisti e compre a versão em português do livro “Anne Frank no Esconderijo – Quem era quem?”. Mas, isso fica para o outro post.

Caso queira, é possível fazer um tour virtual clicando aqui. Disponibilizado no site oficial da Fundação Anne Frank.

Como Visitar a Casa de Anne Frank

É importante mencionar que eles não vendem ingressos na hora e o único site autorizado a vender os bilhetes de entrada é o site oficial da Fundação Anne Frank.

Como sei que muitas pessoas não conseguem comprar as entradas, pois na maioria das vezes já estão esgotadas no site, vou deixar as informações bem precisas de como comprar e do que eu fiz para garantir nossos ingressos.

A saber, o site abre a agenda todas as terças-feiras, com horários específicos, porém os bilhetes esgotam-se rápidos.

Na foto há um casal (Rafael e Andréa) em frente à porta de cor verde escura, da fachada principal da Casa de Anne Frank com a placa Anne Frank Huis.
Rafa e eu em frente à entrada da Casa de Anne Frank

A dica é comprar na primeira terça-feira do mês anterior ao mês de sua visita. Portanto, assim que tiver as datas definidas de quando estará em Amsterdam, já deixe um lembrete para fazer as reservas com antecedência. Por exemplo, nós estivemos na cidade na última semana de 2022, e no dia 01/11/22 (primeira terça-feira de novembro) já garanti nossos horários de visitas para o dia 28/12/22.

Opções de visitação

  • Visita ao Museu (Inclui o local onde funcionava a empresa do pai de Anne e o “Anexo Secreto” onde se esconderam) – 16 €.
  • Visita ao Museu com programa introdutório de 30 minutos, onde um guia te explica tudo em detalhes sobre a história de Anne Frank, do contexto da Segunda Guerra e tira possíveis dúvidas (somente em inglês) – 23 €.

As visitas iniciam às 9h da manhã e terminam às 21h. Apesar de ter horários definidos de entrada a cada 15 minutos, uma vez lá dentro você pode passar o tempo que desejar. Sugiro reservar no mínimo 1 hora de seu dia para essa visita, eu sou mais detalhista e fiquei 1hora e 40 minutos lá e ainda poderia ter ficado mais.

Valores de Entrada

  • Adultos: 16 € (Somente Museu) / 23 € (Programa introdutório + Museu)
  • Crianças e adolescentes: 10 a 17 anos: 7 € (Somente Museu) / 14 € (Programa introdutório + Museu)
  • Crianças de 0 a 9 anos: 1 € (Somente Museu) / 8 € (Programa introdutório + Museu)

Há alguns casos com preços especiais, mas sugiro que verifique diretamente no site oficial.

Na foto aparece minha mão segurando o cartão postal  em preto e branco de como era a fachada da casa antigamente e ao fundo está a tela do computador com uma foto colorida da fachada do Museu Casa de Anne Frank, que tirei quando estivemos lá em dezembro de 2022.
Postal de como era a fachada da casa antigamente e ao fundo a foto que tirei quando estivemos lá em dezembro de 2022

Localização: A Casa de Anne Frank fica no centro de Amsterdã, na rua Prinsengracht 263-267.  Porém, a entrada do museu fica ao virar a esquina na rua Westermarkt 20.

No site eles mencionam como pontos de referência:

  • Estação Centraal (com 2 “a” mesmo) – cerca de 20 minutos a pé
  • Praça Dam – cerca de 10 minutos a pé
  • Caso prefira ir de Tram (bonde), pegue o 13 ou o 17 e desça na parada “Westermarkt”.

Trechos do Diário de Anne Frank que destaquei durante a leitura

Quando li O diário de Anne Frank, fiz vários destaques, muitos trechos e frases de Anne me chamaram atenção, caso ainda nao tenha lido, indico muito essa leitura. Então para te inspirar segue alguns dos trechos que destaquei quando li:

“Nunca mais recuarei diante da verdade, porque quanto mais tardamos a dizê-la, mais difícil se torna para os outros ouvi-la.”

Anne Frank, 02 de abril de 1943

“Enquanto existir isso, enquanto eu estiver viva e puder contemplar este sol e este céu sem nuvens, enquanto isto existir, não poderei ser infeliz.”

“O melhor remédio para os que sentem medo, solidão ou infelicidade é ir para um lugar ao ar livre, onde possam estar sozinhos com o céu, a natureza e Deus. Só então a gente sente que tudo está como deve estar e que Deus nos quer ver felizes na beleza simples da natureza. Enquanto isso existir – e certamente sempre existirá – sei que sempre haverá consolação para todas as tristezas, sejam quais forem as circunstâncias. Acredito firmemente que a natureza traz alívio a. todas as aflições.”

Anne Frank, 23 de fevereiro de 1944

“Meu conselho é o seguinte: Saia, vá para o campo, goze a natureza e o sol, vá para fora e tente recapturar a felicidade em si própria e em Deus. Pense em toda a beleza que ainda resta em você e à sua e seja feliz!”

“E quem é feliz, faz feliz os outros. Aquele que tem fé e coragem jamais perecerá na desgraça.”

Anne Frank, 07 de março de 1944

“Quero continuar a viver, mesmo depois de minha morte!”

“Quando escrevo, liberto-me de tudo; minhas tristezas desaparecem, minha coragem renasce.”

Anne Frank, 04 de abril de 1944

“Um dia há de terminar esta guerra terrível. Certamente dia virá em que seremos gente de novo, não apenas judeus.”

Anne Frank, 11 de abril de 1944

“Você bem sabe que meu maior desejo é ser jornalista e, mais tarde, escritora famosa.  Se essas inclinações à grandeza (ou à insanidade?) se concretizarão um dia, não sei. Assuntos é que não me faltam. Em todo caso, depois da guerra, desejo publicar um livro chamado Het achterhuis [A casa dos Fundos]. Se obterei sucesso ou não, é coisa que não posso saber; em todo caso, meu diário será de grande auxílio.”

Anne Frank, 11 de maio de 1944

“‘Este é o Dia D.’ A notícia chegou através do programa inglês e foi confirmada. ‘This is the day.’ Começou a invasão.”

“Sabe, Kitty, para mim, o melhor da invasão é o sentimento de que são amigos que se aproximam. Há tanto tempo vimos sendo oprimidos por esses horríveis alemães, há tanto tempo estamos com a faca no pescoço, que a ideia de amigos e libertação nos enche de confiança!”

Anne Frank, 06 de junho de 1944

“Realmente, é de admirar que eu não tenha desistido de todos os meus ideais, tão absurdos e impossíveis eles são de se realizar. Conservo-os, no entanto, porque apesar de tudo ainda acredito que as pessoas, no fundo, são realmente boas.”

Anne Frank, 15 de julho de 1944

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