Gijón é uma cidade do Principado de Astúrias, no noroeste da Espanha e é famosa por sua sidra. O bairro Cimadevilla (Cimavilla em asturiano) é o antigo Bairro dos Pescadores, sendo a parte mais antiga e mais alta da cidade. Portanto, é um bairro histórico, com ruinas romanas, cheio de tradição e encantos que merecem ser explorados por quem visita Gijón. Como nesse bairro ficam boa parte dos pontos turísticos da cidade, resolvi escrever sobre o que vi por lá.
Plaza Mayor de Gijón
Como em quase toda cidade espanhola, em Gijón também tem uma praça como esse nome e ela só poderia estar no bairro Cimadevilla. È na plaza Mayor que fica o prédio da prefeitura de Gijón, além disso, é uma área bonita onde há bares e restaurantes. Relativamente pequena se compararmos com as praças de outras cidades daqui, porém fica ao lado da praia, o que torna o ambiente mais agradável.

Construída em 1858, fica na parte antiga da cidade e atualmente abriga alguns eventos, feiras e mercados de artesanato ao longo do ano. É nessa praça que inicia o bairro Cimadevilla.

Plaza Campo del Valdés
Após sairmos da Plaza Mayor pela lateral da Prefeitura, chegamos à Plaza Campo del Valdés, onde temos belas vistas para o mar sobre o Muro de San Lorenzo, que cerca as praias de Gijón.

Fora isso, nessa praça ficam:
Estátua de Otávio Augusto
Trata-se de uma réplica da estátua denominada Augusto de Prima Porta (que está nos Museus Vaticano). Uma homenagem à chegada dos romanos em Astúrias, sob o comando do Imperador César Otavio Augusto.
Segundo consta, entre 1940 e 1941, Benito Mussolini mandou fazer várias cópias dessa estátua e as presenteou aos países onde havia cidades consideradas fundadas pelo Imperador Augusto. Dessa forma, enviou algumas estátuas ao Franco (à época, ditador da Espanha). Atualmente, aqui na Espanha é possível ver essas réplicas em Mérida, Zaragoza e Gijón.Foto

Museu Termas Romanas de Campo Valdés
Logo ao lado da estátua de Otávio Augusto fica o Museo Termas Romanas de Campo Valdés, que infelizmente não chegamos a conhecer porque devido ao Covid-19 as visitas estavam com horários reduzidos e somente mediante reserva antecipada.
O museu foi inaugurado em 1995, nele é possível ver materiais recuperados em escavações arqueológicas e ter uma noção de como funcionavam as termas romanas em Gijón, há também um sarcófago representando a necrópole que havia ali na época medieval e restos de muralhas do século III d.C. O museu oferece algumas atividades especiais, teatro, dança e conferências.

Funciona de terça à sexta de 9h30 às 14h e de 17h às 19h30, sábados e domingos de 10h às 14h e de 17h às 19h30. O valor da entrada normal é de 2,50€ por pessoa. O valor da entrada reduzida é de 1,40€ (para grupos, aposentados, estudantes e menores de 16 anos). Aos domingos a entrada é gratuita. Para maiores informações, veja o site da prefeitura de Gijón.
Iglesia de San Pedro (Paróquia de São Pedro)
Essa igreja pode ser vista de longe quando se caminha pela praia de San Lorenzo e é um dos cartões postais da cidade. A paróquia original, que até o ano de 1893 foi a única igreja de Gijón, foi destruída durante a Guerra Civil. Dessa forma, a que vemos hoje no bairro Cimadevilla foi construída entre 1945 e 1955.

Após passarmos um tempo admirando a praia do alto do Muro San Lorenzo, caminhamos mais um pouco pelas ruas estreitas com casas de cores fortes e paramos no bar El Almacen.

Depois que saímos do bar, caminhamos um pouco mais e chegamos novamente na Plaza Mayor, dessa vez a atravessamos e, passando por um de seus arcos, já vimos o Monumento a Don Pelayo.
Plaza del Marqués
Essa praça chamada Plaza del Marqués de San Esteban fica em frente ao porto de Gijón, bem na entrada para a Plaza Mayor. Nela vemos alguns monumentos e prédios históricos, além de bares que tornam o local bem movimentado. Ainda nessa praça estão:

Monumento a Don Pelayo
No centro da praça, virado em direção ao porto de Gijón, está esse monumento, com uma estátua de Don Pelayo sobre uma fonte com saídas de águas em seus quatro lados.
Há algumas placas com dizeres em latim e em castelhano homenageando e exaltando o “Rei Pelágio”, fundador do Reino de Astúrias. Personagem de grande importância histórica, principalmente, em Asturias. Foi o rei responsável pela Batalha de Covadonga, contra os Mouros, o que deu início à Reconquista da Espanha.

O monumento, inaugurado em 1891, pesa cerca de 4 toneladas e tem 2,80m de altura. A escultura de Don Pelayo está em pé erguendo a Cruz da Vitória, que é símbolo de Astúrias. Dizem que para a construção dessa estátua foi utilizado o material de canhões de bronze, conquistados durante a Segunda Guerra do Marrocos.
Atualmente serve também de ponto de encontro tanto para os gijoneses quanto para os turistas.
Palácio de Revillagigedo
Um edifício em estilo barroco que também é conhecido com Palácio do Marquês, por ter sido construído pelo primeiro marquês de São Estevão entre 1704 e 1721. Somente em 1899 passou a ser propriedade dos condes de Revillagigedo. O Palácio foi declarado Bem de Interesse Cultural em 1974 e atualmente abriga o Centro Internacional de Arte no bairro Cimadevilla.

Pozo de La Barquera
Trata-se de um poço de origem romana, que foi descoberto em 1991 durante as obras de urbanização no bairro Cimadevilla. Tem certa importância para a cidade, pois é tido como a comprovação de que havia atividade industrial ali na época romana, o que pode ter sido um dos motivos da fundação de Gijón.
Além disso, descobriram que antigamente, entre os séculos XVI e XVIII, os juízes e políticos do conselho eram escolhidos ao redor deste poço, anualmente durante a festa de São João, em 24 de junho.

Nessa área da praça há bares, lojas de doces, lojas de souvenirs e boas opções para experimentar a culinária asturiana. Nós paramos para tomar um vinho num bar bem em frente ao palácio.
Ainda no bairro Cimavillia, logo atrás da praça do Marquês fica a Torre do Relógio, onde funcionava um museu, mas não chegamos a ir lá, somente vimos por detrás do palácio. Além disso, junto à torre há os restos das muralhas romanas.
Las Letronas
Ao sairmos do bar, fomos passeando pelo porto até chegarmos ao famoso letreiro da cidade, chamado de “Las Letronas”. Situado nos Jardins da Rainha (Jardines de la Reina), cada letra pesa 5 toneladas de aço e tem entre 3m e 3,5 metros de altura. Inaugurada em 2011, obra do artista Juan Jareño que foi doada à cidade pela Femetal (Federação de Empresários do Metal do Principado de Asturias) a pedido de Paz Fernández Felgueroso, que era prefeita nessa época.
Sempre que posso tiro fotos em letreiros das cidades que visito, mas esse me impressionou. Além da forma diferente da escrita, achei a localização dessa escultura perfeita, com os barcos do porto ao fundo, um belo cenário. Impossível não querer parar para fotografar ali.

Árbol de la Sidra
Essa escultura em formato de árvore feita com garrafas de sidra natural fica no porto, quase em frente ao Palácio de Revillagigedo.
Como mencionei anteriormente, a sidra faz parte da cultura de Astúrias. O nome oficial dessa “Árvore da Sidra” é 𝕄𝕠́𝕕𝕦𝕝𝕠 𝕊𝕚𝕔𝕖𝕣𝕒, pois tem uma estrutura modular e sicera significa sidra em latim.
Criada por arquitetos catalães, a estrutura pesa 7.500 kg e é formada por 3.200 garrafas de sidra vazias, distribuídas na mesma posição em que fazem o “escanciamiento”.

A árvore foi construída em 2013 para a popular 𝔽𝕖𝕤𝕥𝕒 𝕕𝕒 𝕊𝕚𝕕𝕣𝕒 ℕ𝕒𝕥𝕦𝕣𝕒𝕝 com intuito de ressaltar a importância da reciclagem para a preservação do meio ambiente e até hoje chama a atenção de quem passa por ela. A estrutura é desmontável e durante a noite se ilumina.
📍 Localização: Calle de Claudio Alvargonzález, 2, Puerto Deportivo de Gijón, Asturias – España.
Caminhamos até ao Muelle de Abtao, quase no final do cais. Como já estávamos bem cansados, pedimosum taxi e paramos em uma sidreria, próxima ao hotel que estávamos hospedados. Ficamos um tempo curtindo um pouco mais nossa noite.
Parque Cerro de Santa Catalina
Localizado no ponto mais alto da cidade, é um espaço lindo com área verde e vistas incríveis do Mar Cantábrico e de Gijón.

Além disso, é um local de importância histórica, pois era ponto estratégico de defesa da cidade contra invasões marítimas. Nesse parque estão os restos da muralha romana e de alguns bunkers militares da época da Guerra Civil Espanhola. Há também áreas de recreação infantil, pista de skate, espaços para shows e ciclovias. Definitivamente um excelente local para piqueniques, caminhadas e onde se pode desfrutar de bons momentos.

Elogio del Horizonte
Ainda no parque Cerro de Santa Catalina, bem na ponta da colina está essa escultura chamada Elogio del Horizonte, que se tornou símbolo de Gijón. Obra de Eduardo Chillida que representa um grande abraço entre o mar e o céu e no centro dela se ouve melhor o som do mar.
O monumento é feito numa estrutura de ferro e concreto, tem 10 metros de altura e aproximadamente 200m cúbicos de volume.
📍Localização: Cerro de Santa Catalina, Cimadevilla, Gijón, Austurias.

Plaza de Jovellanos
Paramos em outro bar, tomamos um vinho, descansamos um pouco e continuamos a caminhar sem rumo pelas ruelas de Gijón. Chegamos à praça de Jovellanos, onde fica o Museu Casa Natal de Jovellanos, em arquitetura barroca e alguns bares.

Subimos uma rua bonitinha, nos “perdemos” nas ruelas estreitas e me chamou atenção que nas portas dos bares sempre havia informações e desenhos feitos à mão, como se fosse de giz.

La Cuesta del Cholo
Chegamos nessa área com vários bares em frente à outra ponta do Porto de Gijón e paramos no bar Las Ballenas, onde pedimos as tradicionais sardinhas fritas acompanhadas de sidra natural. Ficamos na parte externa, de frente para o mar. Essa área é bem animada e movimentada.

Voltamos caminhando pela orla, onde passamos pelo Monumento a Claudio Alvargonzález (uma escadaria com estátua e placas no meio). Em seguida passamos pela Escadaria do Rock, até que chegamos novamente à Praça do Marques e a praça Espanha. Dali fomos em algumas lojas de produtos artesanais.

Ainda no bairro Cimadevilla, entre outras coisas que não conhecemos, ficam a Capilla de Nuestra Señora de la Soledad, a Escultura Nordeste (obra de Joaquin Vaquero Turcios, toda em ferro), o Royal Astur Yacht Club (com a primeira piscina da cidade) e a Casa Paquet.
Curiosidades sobre Cimadevilla
Uma curiosidade sobre Cimadevilla, as pessoas que nascem nesse bairro são chamadas de “Los playus” e tem um certo dialeto próprio e, um tanto peculiar, cujo nome é “El Playu”. Veja alguns exemplos:
- Quando está num jantar ou grande almoço, ao invés de dizer “¡Que fartura!”, dizem: “¡Vaya calá!”;
- Quando a pessoa se perde numa conta, ao invés de dizer que está confuso, dizem “empixiáu”;
- Quando você conta que conseguiu algo muito bom, te respondem “cubre, eh”;
- Quando estão numa boa conversa e alguém se despede, para pedir que essa pessoa fique mais um pouco, dizem: “echa el pedrón”;
- Cemitério eles chamam de “sueste”;
- As pessoas impacientes são chamadas de “litordos”;
- As pessoas sem graça são chamadas de “mormos”.
Espero que tenha gostado de conhecer um pouco sobre esse bairro tão especial de Gijón.

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